30 de dez. de 2010

O tempo que tempo tem?

Deito de leve a cabeça no travesseiro
Quando fecho meus olhos de agora, o tempo se esgota
é a morte
Que se esvai quando renasço no tempo de amanhã

aquele que começa no novo e termina no antigo
aquele que começa no antigo e termina no novo

29 de dez. de 2010

Retrospectiva


Esse ano foi complexo, é a primeira coisa que penso ao tentar fazer uma reflexão de tudo que aconteceu. Todos os dias são tão cheios que é difícil tentar puxar pela memória os primórdios de 2010. Mas adoro me propor a esse tipo de reflexão, para clarear o fechamento de um ciclo, mesmo que 2011 entre como a continuação do que ficou em aberto em 2010 e nos anos posteriores.

Entrei o ano com umas das pessoas que mais amo a beira do desencarne, cada dia era como uma nova morte, mas eu dei as mãos para ela, olhei bem fundo dos olhos dela e disse: “então, vamos lá”.  A morte nunca tinha passado assim tão perto de mim e foi assustador, mas depois que veio foi como um calmante para o coração, uma passagem daqui para depois do aqui. A dor durante foi maior que a de depois, já que a alma é eterna e está sempre por perto, mesmo que muitas vezes não seja visível. Não existe fim.

Meu avô faleceu deixando muitas lágrimas e saudades e foi tão perto do aniversário de minha mãe que este passou quase despercebido.

Mesmo assim, fomos comemorar com alegria os 50 de mamãe num restaurante há tempos desejado.

Em Fevereiro meu primeiro contrato de estágio terminou e não o renovei, queria algo novo. Depois de uma saga de papeladas e burocracias recomecei a trabalhar em Março em um arquivo histórico que a princípio se mostrou bem interessante já que eu lidava com documentação referente ao Sanatório São Pedro, mas depois, a mecanicidade acabou com a motivação. Será que existe algum trabalho que não seja assim, óbvio, cotidiano, mecânico? Passei então, no mesmo lugar, a trabalhar com uma documentação referente à escravidão, tema que não me agrada, portanto logo busquei um novo estágio.

Junto com as mudanças de estágio as aulas no terceiro semestre da faculdade se arrastavam, uma cadeira insuficiente de fotografia, duas chatas de direito, uma terrível na qual deveríamos aprender a produzir docs. eletrônicos, avaliação de documentos e informação e memória social – as duas melhores. Foi um semestre chatinho, não havia quem não comentasse. No mais, namorei, sai, vi os amigos e estudei pra caramba, como de costume.

Em Maio, ao mesmo tempo em que comecei a busca de um novo estágio, minha vida começou a mudar. Eu e meu namorado passamos uma semana inteira juntos e decidimos passar mais anos inteiros juntos.

Assim de Maio para Julho os meses passaram num pulo, comecei a trabalhar num local bem bacana com mais duas horas por dia que fizeram a diferença para bem e para mal no fim do segundo semestre. Matriculei-me em seis cadeiras, o que não teria sido tão pesado se eu não tivesse que ler e estudar tanto para cada uma. Comecei a comprar coisas para casa, eu e meu namorado decidimos alugar, depois decidimos comprar, depois redecidicimos alugar e enfim optamos por comprar um apartamento.

As aulas e a minha vida foram mais ou menos tranquilas até Outubro, depois o cerco de estudos se fechou. Quando não estava enlouquecendo com algum trabalho ou prova estava empacotando coisas em caixas, arrumando roupas em malas, enfim, em um período de transição.

O blog que criei em Janeiro pelo renascer da vontade de escrever abandonei por completo nos últimos meses do ano. Vida social e namoro, então, eram relações praticamente inexistentes.

Viajei bastante também este ano, com uma frequência bem anormal. Entrei o ano saindo de Imbé, revi Floripa, conheci Barra do Ribeiro com as amigas, fui a Rosário do Sul e Rivera, me aventurei por Punta Del Este, Montevideo e Buenos Aires, conheci o Rio de Janeiro com a família, fui a Santos para um congresso e de quebra conheci São Paulo, estive em Salvador. Existem lugares para os quais voltarei. Conheci várias novas pessoas, tive várias novas experiências e tantas histórias para contar.

Num giro de 360 graus conseguimos um apartamento sem comprar nem alugar, catamos padrinhos e madrinhas para um casamento futuro, empacotamos nossas antigas vidas para abrir as caixas e tirar dali as novas vidas como num passe de mágica bem elaborado.  Em Dezembro, pouco antes do Natal reabrimos as caixas dentro do apartamento já pintado e limpo com gosto.

Neste momento o segundo semestre na faculdade já havia terminado. Este foi o semestre mais puxado, mas mais recompensador de todos. Foi o semestre em que comecei a questionar o curso e as minhas decisões em geral. “Será que é isso?” É normal perguntar-se as coisas, estranho é nunca fazê-lo.

A família passou um ano de idas e vindas, o Natal foi dividido, as festas foram distantes. Os mais velhos começaram o processo de dar espaço para os que virão e todos se assustaram com isso. Novos relacionamentos vieram, outros passaram.

Meu irmão ganhou um quarto novo, minha mãe uma sala maior e eu um apartamento todo e uma porção de reações diferenciadas quanto a minha decisão.

Neste ano, também começaram os sintomas para o despertar da humanidade que será em 2012, mesmo que eu só os tenha sentido no fim do ano. Este despertar vem dando trabalho: rever conceitos, ceder, mudar, enfrentar situações sempre é difícil.

Neste ano também comecei a buscar mais pela teoria da minha espiritualidade. Iniciei pelas sensações, passei para os livros – do Espiritismo à Umbanda. Tudo muito devagar, com muita curiosidade.

Continuei com boas amizades, renovei algumas antigas, fiz ótimas novas.

Acredito que finde bem o ano, curiosa pelo que virá. 
Que seja feliz o 2011, que o mundo continue a girar.

6 de nov. de 2010

Vem Paul!Vem Paul! Vem nos fazer feliz!

Sobre o show de Paul McCartney em Porto Alegre dia 07/11/2010:

Pessoas esperaram a vida inteira para ver esse espetáculo
Nossa! Respirar o mesmo ar que o ídolo por três horas, estar o mais perto possível dele por alguns momentos
Uma fila de um dia, três dias é pouco perto da grandiosidade do momento.
Curioso, mas eu não nutro paixão assim por ninguém, por nada. Por isso, provavelmente, seja tão difícil de entender e participar
Vai ter gente de todo jeito lá, gente que foi criada ouvindo Beatles, gente que ouviu a pouco e já se apaixonou...pura energia!
é bonito sim ver as pessoas realizando seus sonhos

22 de set. de 2010

Passei por uma funerária com letras brilhantes
Na porta, um morto esperando me atender.

9 de set. de 2010

Ninguém esperava

A contagem vinha em ritmo acelerado. O pai de um amigo faleceu. Silêncio. A contagem para, a leitora de códigos de barras cessa, os processos permanecem em desordem, as caixas ficam pela metade, tudo está paralisado. A morte torna todo o resto fútil, desnecessário. Sorrir enquanto um amigo chora é como um crime. Contendo as lágrimas, aos poucos, as máquinas recomeçam.

0098524 1400/10-9 OK
9008567 1300/10-8 OK
1226850 1400/10-5 OK
2398745 1200/10-4 OK

Todos são colocados nas caixas. As vidas dentro das caixas. A morte silenciosa. Não há crença que minimize a dor. Não há mais sorrisos nem versos até o fim do expediente. A leitora começa a pegar ritmo,

pi...tam...pi...tam...pi...tam...pi...tam...pi...tam...pi...pi...pi...pá...pá...pá...pá...pi..tic...tac...tic...tac...tic...tac...pá...tac..pi..tum...pá...
Continua a grande engrenagem da vida.

                                                                   

4 de set. de 2010

Amor

Estava sentada lendo um livro em frente à lareira, meu amor chegou e beijei-lhe a mão. Fechei o livro e observei o fogo. Quando reabri o livro, ele sentou-se ao meu lado, acarinhou meus cabelos e beijou-me na testa. Pela primeira vez, eu pensei que aquilo poderia ser para sempre ou que já fora para sempre.

3 de set. de 2010

Mais um passo para frente

   Voltei olhando sobre as nuvens. A noite iluminada e o brilho das estrelas só eram visíveis devido às descargas elétricas emitidas pelas asas do gigante metálico. Quando entramos na área de instabilidade apertamos os cintos e eu pensei “Deus, se for a minha hora que não haja dor e se não for que eu consiga aproveitar cada segundo disto”. Um medo sempre é um movimento – para frente ou para trás. O meu medo, comumente me move para frente.

   Ir a Santos foi novo, motivador e transformador. É possível desbravar sozinho, mas é melhor quando acompanhado – ainda mais se a selva a ser desbravada for uma pista cheia de curvas com duas estreitas faixas que beiram o abismo e por onde só passam caminhões e ônibus.

   Além do Congresso não tão bom e da cidade bem legal, o que eu descobri com essa viagem: adoro aeroportos, não gosto tanto de voar. Observar sob as nuvens cinza as ruas douradas que se formam, perceber o contorno dos mundos esbranquiçados que se sobrepõem as nossas cabeças e que se submetem a nossa força, ascender com dor no peito e aterrissar com alívio no coração varia entre bacana e lindo, é marcante, arrebatador, mas inseguro. Não que qualquer outra situação na vida seja completamente segura, mas algumas, pelo menos, aparentam. Voar sempre é incerto. Quase certos são os aeroportos – quase certo que serão em terra firme, quase certo que haverá uma porção de pessoas só de passagem, quase certo que comeremos e beberemos por quantias de caras a exorbitantes, se essa for nossa escolha. Aeroportos são basicamente lugares interessantes porque marcam encontros e despedidas, marcam a queda de máscaras, a certeza das dúvidas. Todos passam em busca de algo além, de algo que não está ali.

   O de Brasília e o de Salvador são adoráveis, o de Porto Alegre é bom porque é nosso, em São Paulo; Guarulhos é bacana quando não está no ritmo da cidade e do Galeão não gostei.

   Retirei da minha bagagem de mão aquilo que já sei sobre isso, para lhes mostrar.

   Até a próxima viagem!

23 de ago. de 2010

Eu não tenho medo de ter medo, eu tenho medo é de ficar parada

Viajo para Santos essa noite e meu corpo físico está sendo o perfeito reflexo de meus medos.

Minhas frases no twitter há poucos minutos atrás:

Tive todo tipo de pereba semana passada. Elas foram um consciente reflexo de meu enorme medo diante da viagem que virá.
Ainda estou um pouco apática quanto a ela...não consegui parar para perceber as belezas de Santos, acho que só estando lá mesmo
e confiando em mim mesma, conseguindo realizar. Estou esperando ansiosamente pelo momento em que a Lau capricorniana aparecerá
dominando os medos e indecisões da Lau mais frequente.
Certamente eu nunca trive tanto medo de alguma coisa do que o de ser independente, livre.
Sebastião da Gama dizia "é pelo sonho que vamos" e eu digo que é também pelo medo que vamos. Pelo medo de ficar estagnada, dominada.
Eu vou em frente, custe o medo que custar.
E quando eu voltar, vou ser alguém melhor.

13 de ago. de 2010

Oi Tchau Eu sou teu gato preto


“Ele fixaria em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes,quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo."
Trecho extraído do texto "Os Gatos" de Lígia Fagundes Teles

9 de ago. de 2010

E hoje tudo começa outra vez...





Mas com um novo ânimo, com novos objetivos!!!

6 de ago. de 2010

Brincadeira de roda


"Os nossos sonhos alimentam o nosso dia-a-dia e o nosso dia-a-dia alimenta os nossos sonhos."
A frase não era bem assim, mas foi desse jeito que ela me marcou.

29 de jul. de 2010

Metadados sobre o vazio

P&B
Silêncio
Tempestuoso
Aparentemente solitário
Dentro e fora
Falta de idéias
Fim do mês
Paralisado
Distante
Música Claássica
Ausência







Falta de idéias para o fim de Julho, então, que venha o mês de cães danados!!!

22 de jul. de 2010

Dose dupla de Gaga

Desde que ouvi pela primeira vez, não passo um dia sem escutar essa música. O clipe é muuuuito bom e ainda melhor que o de Telephone!!!



In the Rocks satirizando Lady Gaga
Muito engraçado,adorei!

18 de jul. de 2010

Legalização já!

O casamento gay deveria ser legalizado?

O Senado da Argentina aprovou na madrugada desta quinta-feira um projeto de lei que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo, tornando o país o primeiro da América Latina a legalizar o matrimônio gay.

A vitória foi apertada, e o projeto agora só precisa da sanção da presidente Cristina Kirchner – que já se mostrou a favor da medida – para se tornar lei.

Com a nova legislação, casais formados por pessoas do mesmo sexo terão os mesmos direitos dos heterossexuais, incluindo a possibilidade de adotar crianças, além de benefícios relacionados a questões previdenciárias e de herança.

A aprovação foi comemorada por membros do movimento gay na Argentina e em outros países, que consideram a medida um avanço no reconhecimento da igualdade de casais homossexuais.

Já representantes da Igreja Católica e de denominações evangélicas se colocaram contra o projeto, afirmando que ele ameaça a instituição tradicional da família.

Reportagem rertirada na íntegra do site da BBC: http://newsforums.bbc.co.uk/ws/pt/thread.jspa?forumID=12188

Meu momento de revolta contra as instituições ditas tradicionais:

As Igrejas tradicionais estão sempre se baseando em seus argumentos tradicionais para tratar de questões que de “tradicionais” já não tem nada. Essa ideia de família tradicional já nem sequer existe, foi abalada há muito tempo por todo tipo de questão a que a lei teve de se adequar, incluindo o divórcio. Casais separados não representam a forma tradicional de família que diz a Igreja e, no entanto, é o que mais há por aí. Essa forma tradicional a que a Igreja se refere não constitui mais padrão para nada em nossos dias, pois o que está cada vez mais em voga não é a padronização e sim a aceitação, a liberdade, a realização. Defender um ponto de vista tão ultrapassado demostra a completa hipocrisia de alguns membros de Igrejas por aí, que como suas instituições tiveram que adaptarem-se as questões atuais para não desaparecer por completo e mesmo com essa visível adaptação ainda defendem posições de tradicionalismo.

Acredito que a tradição é uma herança que se modifica conforme o contexto, para que não se perca a base da crença é preciso manter certas questões, mas para que a crença possa existir de acordo com a movimentação da sociedade é preciso abertura, adaptação. A tradição que continua sem movimentar-se (que é exatamente o que ela é e representa), para mim, tende a desaparecer, pois não cria raízes naquilo que está se modificando.

12 de jul. de 2010

Um dia de chuva

Nos dias de chuva a cidade transparece sujeira, caos, podridão, desespero.
Esse é um ponto de vista.

Eu acho que a cidade fica bonita. A chuva destrói a nossa aparente organização, a nossa aparente velocidade funcional e a nossa aparente normalidade. As cores se misturam, o azul do céu vira o azul do chão, os faróis dos carros batem nos vidros dos ônibus como sirenes vermelhas em constante agitação. Roxo, laranja, vermelho, lilás e azul se esbarram, saem de seus espaços delimitados. É como se sobre uma tela recém pintada e aparentemente perfeita se jogasse uma nova cor de tinta ou um jarro de água, desconstruindo o que está pronto, reconstruindo o que faltou.
Hoje, voltando para casa de ônibus, sem enxergar o caminho de todos os dias, me senti dentro de uma pintura fauvista. E gostei.

8 de jul. de 2010

Vou ficar deitada ao seu lado só por trinta minutos















Mas quando você encontrar a porta certa

Que é aberta por aquela chave que te dei

Pode entrar e ficar

Pelo resto do dia

*

Até o próximo dia

6 de jul. de 2010

Experimentando


Achei essa linda imagem jogando a palavra "vida" no Google. Aparentemente vida tem haver com liberdade e harmonia pois a maioria das imagens das três primeiras páginas incluem pessoas sorrindo, paisagens e ambos em equilíbrio. Minha mãe tinha feito essas experência alguns meses atrás colocando a palavra "relacionamentos", infelizmente a maioria das aparições envolviam cenas de sexo. Acabei de fazer a mesma experiência e até a quarta página nada disso apareceu - que bom! Já estava com medo que atá as nossas criações visuais somente tivessem haver com sexo e dinheiro.

Nas primeira página, para orgulho apareceu a bandeira nacional; paixão e amor parece que se misturam pois ambos são coloridos de corações rubros; felicidade se assemelha a vida visto que paisagens e sorrisos se misturam; prara sexo parece que ainda há amor; mas o dinheiro é o que ele é.

28 de jun. de 2010

The Tudors terminou...

Terminar uma série é o mesmo que terminar um livro em que acompanhamos os personagens desde o seu nascimento até a morte. Parece que os personagens já faziam parte de nossas vidas e temos que deixá-los partir para os arquivos da memória, bem como os atores partiram dos corpos que vestiam para novos papéis. Mas, a partir de agora este não será mais um seriado vazio como um livro não lido na estante, dentro dele há recheio, há pulsações, há corações que explodem e pedem para ser vistos. Sentirei saudades até que se inicie uma próxima descoberta.

21 de jun. de 2010

Para espantar o excesso de mel


 Eu gostei muito do meu post anterior, mas concordemos que é um texto demasiado adocicado...Enquanto eu o escrevia busquei por imagens de princesas na Internet e encontrei algo bacana e diferente: Princesas da Disney macabras. Adoro também este tipo de sátira, dá um novo gosto para algo que já tem sabor antigo. Coloquei aqui as duas que mais gostei...A Jasmine nem está assim tão macabra, até se parece comigo em algum sentido...já a Cinderela...
Pena que não encontrei o autor de tais imagens, no entanto,elas foram retiradas do blog Curiosidades na Net cujo site é: http://www.curiosidadesnanet.wordpress.com/

19 de jun. de 2010

Sobre príncipes e princesas

A fantasia não é assim tão diferente da realidade...

A princesa, uma doce ilusão, e o príncipe, o corajoso apaixonado. A princesa se manteve virgem e dedicada aos aprendizados do lar enquanto o príncipe conquistava cidades e montanhas para se mostrar forte e destemido aos seus pais. A princesa aprendeu a cuidar dos cabelos, a usar complicados vestidos, a combinar joias e sapatos. A princesa aprendeu a portar-se diante da sociedade, a ser formal e polida, aprendeu a ser paciente e devota. O príncipe aprendeu a ser vestido, aprendeu a cavalgar, a ser furioso e gentil. O príncipe aprendeu que se deve manter a cabeça levantada e demonstrar amor através de presentes. Os dois mantiveram-se recolhidos nos seus universos até serem formalmente apresentados.

A princesa quando viu o príncipe, sentiu-se insegura, incapaz, deslumbrada. O príncipe quando a viu tomou-a como um desafio, uma novidade, uma emoção. O príncipe reparou nos seus olhos que eram diferentes dos olhos de todas as outras mulheres, percebeu que ela vestia-se, movia-se e até falava de um modo diferente, interessante. O príncipe buscou os olhos dela e deparou-se com indecisão, timidez e um forte desejo. A princesa enquanto observava as belas cortinas do castelo, reparou que o príncipe carregava dentro dos olhos dele uma chama e que ele tinha braços fortes e protetores.

Ela reparou que junto de si ele trazia um grande escudo e uma espada.
Ele reparou que ela trazia dentro de si um delicado coração.

As mulheres já tem o coração que os homens procuram.
Os homens já tem a proteção que as mulheres procuram.
Pelo menos neste conto.

As damas da princesa lhe diziam que ela deveria ser uma boa esposa, deveria amar e ser leal ao seu marido acima de tudo. Os conselheiros do príncipe diziam-lhe que talvez ele não conseguisse ter a princesa como sua única mulher e que seria melhor não demonstrar seus sentimentos sempre.

Nem o príncipe nem a princesa concordavam completamente com isso. Então quando o príncipe colocou-se a dançar, timidamente, empurrado pelos amigos, a princesa postou-se ao seu lado e olhou firmemente para ele. Ele, confuso, baixou os olhos e viu o chão ao que ela tocou-lhe o rosto.

O príncipe, certamente, teria que enfrentar labirintos de espinhos, outras mulheres interesseiras e malévolas, torres altíssimas, pontes levadiças, lagos cheios de crocodilos, algum feiticeiro maligno e outras tantas guerras para conseguir alcançar a princesa lá em cima onde ela estava adormecida esperando pelo seu amor. E a princesa, com certeza, teria que resistir a muitas tentações para preservar a sua honra, teria que abdicar de uma série de confortos que a vida até então lhe oferecia, teria que cuidar daquele homem para quem fora prometida, teria que continuar bela e quase sempre a espera dele para ter o seu amor.

Quando o príncipe colou o anel dourado e brilhante no dedo da princesa, esta se sentiu demasiadamente feliz e insegura – com os dois sentimentos explodindo dentro do peito. Quando a princesa disse “sim” e colocou a aliança no dedo do príncipe,este estufou o peito orgulhoso e emocionado.

O príncipe e a princesa se olharam e um viu refletido no outro o seu medo, a sua importância e a sua individualidade. E quando se olharam novamente, um deixava as lágrimas do outro escorrer por sua face e, assim o sonho virou realidade.

17 de jun. de 2010

Aguardando ansiosamente o fim do semestre na faculdade...

O que mata o tempo de uma estudante-estagiária-artista são os estudos, mas só trabalhar o dia todo não realiza.
Espero que eu ainda tenha leitores para depois das próximas três semanas!

7 de jun. de 2010

A viagem

Acabo de voltar de viagem. Trouxe uma mala cheia de descobertas. Chegando a menos de dez minutos tive que reconhecer a menina que deixei para trás, a pessoa que fui e que já não sou mais. Foi mágico rever aquilo que é meu, que sou eu, pois numa viagem somos muito também o outro, somos o que somos em compartilhamento com o que são e vivem os outros. Quem não sabe compartilhar e ceder não sabe viajar. A despedida que é um corte necessário foi recheada de agradecimentos, frases carinhosas e lágrimas nos olhos... Quem esteve lá, voltou diferente.

Aqui, a conta da loja de roupas ainda está por ser paga, as provas começam amanhã, exames médicos estão marcados para sexta. Aqui a comida é mais leve, a fala é mais tranquila, as ruas são velhas conhecidas.

E lá – no Uruguai e na Argentina – ficou um gosto de espera pelo meu regresso.

2 de jun. de 2010

Saltando para fora do redemoinho

Nada como uma boa viagem para relaxar e acalmar os ânimos...
Sair da rotina é tudo! Ainda mais quando ela anda bem cansativa.


Trarei para vocês boas lembranças, me aguardem!

23 de mai. de 2010

Laura - A vida é um gol

Foi estranho observar ela entrando sozinha no táxi carregando duas malas e um sorriso de lado a lado no rosto. Aqui de cima, eu abri toda a persiana da janela para que pudesse ver melhor seus gestos rápidos. Ela partiu rindo e abanando alegremente, com seu sorriso loirinho.

Poderia ser comum que um de nós – eu ou meu irmão – estivéssemos entrando naquele táxi com uma porção de bagagens indo para algum lugar desconhecido quando, normalmente, são os pais que abrem caminho para a vida dos filhos. Por isso, foi diferente ver minha mãe partindo sozinha, me fazendo perceber que também somos nós, os filhos, que abrimos caminho para vida de nossos pais.

Ela nos deixou responsáveis pela casa, pela nossa avó-criança, pelo gato, pelas roupas, pela limpeza, pela comida e por tudo o mais que aqui quem cuida é ela.

Quando saiu, seu doce perfume encheu a casa de calor e de saudade deixando um aroma de já volto.

22 de mai. de 2010

Como amar seu dragão?

Voltei a ficar sem tempo até quando tenho tempo. Então lá vai a dica:


Esse filme é muito bacana, pois é uma ficção muito interessante que trata da aproximação do homem com o animal, apesar de não se comparar a outras animações do gênero em questão de história e desenvolvimento dos acontecimentos. A relação do personagem principal, Soluço, e de seu “animal de estimação”, o dragão Banguela é lindíssima e começa como toda relação entre seres humanos e entre humanos e animais. Primeiro, um momento de estranhamento e até de desgosto, seguida de um carinho e depois de uma amizade e amor incondicionais. Lembra-me muito a relação que tenho com meu gato e é isso que mais me fascina.

Além de tudo, a trilha sonora é linda e as imagens excelentes.

Eu adorei.

15 de mai. de 2010

A melhor banda de todos os tempos da última semana

Clipe mais legal de todos do momento:
Telephone com Lady Gaga e Beyoncé

10 de mai. de 2010

8 de mai. de 2010

Tem uma mariposa no concreto

Entrei no ônibus. Vi no vidro da janela uma mariposa que se esforçava para encontrar a saída. Ela voava de um lado para outro, andava no vidro, mudava de janela, mas não conseguia sair. Pensei em pegá-la pelas asinhas e colocá-la para fora, mas queria ver até onde ela ia chegar e esperei. Durante esta espera, imaginei uma mariposa-humana e suas possíveis reações diante do desafio em que se encontrava. Mil possibilidades de ações e reflexões poderia ter essa mariposa-humana. Ela poderia ficar neurótica, achando que esse tipo de coisa só acontecia com ela, poderia estar claustrofóbica, ansiosa, tendo um ataque de pânico por não conseguir achar a saída, poderia estar rezando implorando um auxílio maior para sair dessa situação desesperadora, poderia estar pensando que ia conseguir sair desta situação mesmo que isso lhe custasse a vida – afinal quando foi que ela desistiu antes? Essa circunstância poderia criar um trauma na vida da mariposa, a resolução desta questão – qualquer que fosse ela – poderia causar-lhe uma significativa modificação no modo de encarar a vida, de relacionar-se com as pessoas, de ver o mundo. Afinal, que destino teria a mariposa se fosse ela humana?

*

Sendo ela uma mariposa, voou para a porta quando esta se abriu...

7 de mai. de 2010

Te cuida mamãe, por que as manias aparecem!!!

Mais uma reportagem inusitada da BBC:

"Exposição de fotos na Espanha usa humor para tratar da velhice


Uma exposição de fotos recém-inaugurada na Espanha retrata com humor as manias das mulheres com mais de 50 anos, como a de escolher a calcinha favorita para ir ao ginecologista. As ideias chegaram até o fotógrafo Héctor Barnabeu através de um grupo no Facebook. As modelos posaram voluntariamente e assumiram, por exemplo, que colocam um saco na cabeça para se proteger da chuva. A mostra 'Senhoras que...' reuniu mulheres de toda a Espanha para um total de 20 fotos. Em outra foto, elas satirizam a mania de se lamentar das doenças e tarefas domésticas com as amigas."

Muito legal a prática de satirizar a si mesmo, eu já faço isso desde os tempos mais remotos.

Só um ponto de discordância: velhice acima dos 50 anos? Isso é bem estranho, por que as mulheres de 50 que eu conheço de velhas não tem nada. E nem seuqer se parecem com essas senhoras. Acho que a velhice começa aos 70 e mesmo assim, não é um termo muito interessante, afinal o que é que fica velho? São as pessoas ou os tecidos?

A reportagem na integra com mais fotos: http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/2010/05/100507_exposenhorasml.shtml

29 de abr. de 2010

Ver


"Porque você não pode voltar atrás no que vê.
Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser:
até o fim da sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável.
Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido:
As coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio não será o mesmo."


Caio Fernando Abreu

27 de abr. de 2010

Desabrochando


Já é tempo de começar a fazer as pazes com o passado.



Primeiro eu vou me perdoar por ser o reflexo daquilo que desprezei:
insegura, sem confiança no outro e um pouco covarde.

24 de abr. de 2010

As mulheres de Avalon

Terminei a leitura do livro “As Brumas de Avalon”. É sempre bacana e triste terminar um livro, ainda mais como estes que abordam quase que a vida inteira dos personagens. Sempre que a história termina, parece que um ente querido se distanciou para viver a própria vida longe do outro. Não é como se ele estivesse morto, apenas distante e sua história ou momentos dela são sempre relembrados pelos espectadores que as acompanharam. Nesta obra, por duas mulheres nutri admiração e curiosidade e a uma detestei ao mesmo tempo em que a compreendi. Por várias razões, provavelmente, me assemelhe às três.

A senhora do destino

Igraine foi sacerdotisa de Avalon antes de ser entregue a um homem a quem não amava para que o destino de uma Corte que ainda nem existia se cumprisse. Casou-se com o Rei Gorlois muito nova e com ele teve uma filha: Morgana. Enquanto esteve ao lado deste homem, foi uma mulher forte que não se dobrava às falácias dos padres e nem mesmo a vontade do marido de transformá-la numa mulher que não era. Esta foi uma mulher que nasceu para que a partir dela se concretizasse um destino previsto por outros. Como devia ser, apaixonou-se por outro homem – Uther Pendragon - com ele se casou e teve o futuro rei: Arthur. Porém ao casar-se com o homem que tanto adorava abdicou de tudo mais ao seu redor, deixou Arthur aos cuidados da irmã mais velha, abandonou suas crenças e procurou seguir a fé que o mundo achava que seria melhor para ela. Igraine amou Uther até o fim de seus dias, como o marido também o fez por ela, e, no entanto, ficou em dívida com seus filhos e consigo no momento em que desamparou todos os amores para viver apenas um – aquele que mais lhe satisfazia.

A corajosa amante



Nimue – filha do grande guerreiro Lancelote com a jovem Elaine – antes de nascer já havia sido escolhida para ocupar um lugar em Avalon. Sempre fora uma menina diferente das outras, contrariando os padres e questionando tudo a sua volta. Ao chegar a Avalon foi treinada para ser sacerdotisa e mantida reclusa durante muitos anos para que ninguém, além das outras sacerdotisas, pudesse ver seu rosto. Ao crescer, já tinha uma missão que fora reservada a ela ainda quando criança: devia trazer de volta ao País das Fadas aquele que o havia traído – Kevin, o Bardo. Kevin era um majestoso harpista, além de Merlim da Bretanha. Era um homem muito inteligente que ao lado do Bispo Patrício tronou-se conselheiro do Rei Arthur, sua grande fragilidade estava na aparência física que possuía – um corpo deformado e rejeitado embaixo das lindas vestes. Nimue fora instruída quanto à maneira de atrair Kevin para perto de si, então foi a Corte e dia após dia lançou-lhe um encantamento com olhares, gestos e palavras. Contudo, este encantamento era perigoso, pois somente ocorreria se os dois estivessem conectados da mesma forma, se entre os dois houvesse paixão e desejo. Nimue cumpriu sua promessa a Terra das Fadas, levando o traidor para a morte e, no entanto, levando a si mesma para o mesmo caminho, pois não poderia desfazer nem a aliança com Avalon nem a aliança com seu amor. Nimue, também nascera para cumprir um destino e da mesma forma como Igraine, poderia tê-lo mudado e não o fez.


A frágil rainha

A linda esposa do Rei Arthur fora dada a ele como parte de um dote. A Rainha Gwenhwyfar sempre foi uma mulher medrosa e covarde, sempre permitiu que as palavras dos padres fizessem sua cabeça e lhe influenciassem as decisões. Sua fraqueza e sua beleza aproximaram dois destemidos cavaleiros, o Rei, seu esposo, e Lancelote, seu amante e melhor amigo do rei. Gwenhwyfar manteve-se durante toda vida em dúvida sobre o que era certo e errado, sobre o que era pecado ou não, sobre o que era amor e sobre quem a amava. Temia a magia de Morgana e, todavia, procurava-a em desespero quando precisava ter um filho, temia a própria Morgana e, contudo, sempre quis ser igual a ela. Como Rainha, apesar das perturbações que a fé lhe causava, sentia-se feliz por encontrar-se segura dentro das fortes paredes do castelo, por ter uma guarda armada para defender-lhe do mundo lá fora e por ter somente que preocupar-se com as futilidades femininas. Gwenhwyfar teve uma atitude corajosa na vida, a qual lhe foi decisória – podendo ficar ao lado de seu amor para sempre e ser afinal completamente feliz optou por colocar em primeiro lugar o que era importante para ele e não para ela. Preferiu que ele fosse metade feliz a que ela o fosse inteiramente.


Para mim, estas são as mulheres mais inspiradoras do livro. Um livro que é recheado de personagens complexos e interessantes, humanos... Simbolizei o meu modo de imaginá-las com as figuras ali em cima, não seria possível que elas fossem representadas tal como as imagino nem mesmo se eu as desenhasse de próprio punho, pois o registro nunca é igual ao pensamento.


Esta história tem muito de nós todas, de nós todos.
Descubram-na!

(Site de onde tirei as figurinhas: http://www.fainelloth.de/Fantasy.htm)

22 de abr. de 2010

Se está na memória, pertence a eternidade







Que incrível que é,
através de um instrumento,
fixar o pensamento.
Lauana Lemos

18 de abr. de 2010

Cantando com a alma



"Sim, é isso" é o que penso quando me arrepio diante de uma cena, música, frase, ação que me emociona ou sensibiliza de alguma forma...esse arrepio é uma comunicação da alma com o mundo e vice-versa. Restaura-se a conexão que há entre os dois, perdida nas corridas e racionais atividades diárias. Quando o corpo sente o mundo, é a alma que o está sentindo.

Com esse vídeo sempre me arrepio.

16 de abr. de 2010

Estamira

Gente, ando com o tempo curtinho, curtinho. Várias idéias ficam borbulhando na minha cabeça mas tenho que arquivá-las no intermediário temporariamente, já que o arquivo corrente está sendo muito utilizado - como se esperava dele. Eu não gosto de ficar muito tempo sem postar, então vou recorrer a uma velha prática que consisti em expor filmes, peças, músicas bacanas para que todos que frequentam o blog conheçam. Quando eu voltar a ser dona do tempo e não o tempo ser dono de mim, volto a criar, hoje vou só copiar a colar.


Este filme assisti durante um aula de Informação e Memória Social que é uma cadeira obrigatória ou eletiva no currículo das Ciências da Informação da UFRGS cuja caracterítica principal é fazer pensar, fazer agir.
Adoro este tipo de filme que se caracteriza por ser único, já assisti vários filmes únicos e, obviamente, nenhum era igual ao outro. Para quem aprecia o diferente, esta é uma boa escolha.


Estamira te faz olhar para ela como ser humano, como ser.


Site oficial: http://www.estamira.com.br

9 de abr. de 2010

Filme Koyaanisqatsi

O mundo que nós construímos está desmoronando com a chuva.


Koyaanisqatsi para os Hopi significa vida maluca, desintegrando, desequilibrada, um modo de ser que pede outra forma de vida.


Este filme faz parte da Trilogia Qtasi (Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi) do diretor Godfry Reggio e do musicista Philip Glass.


É inexplicável, fascinante, único.

3 de abr. de 2010

Outra reportagem bacana!




Essa reportagem e a anterior sairam do site da BBC Brasil, um site que comecei a ver a pouco tempo e estou achando muito bacana.

1 de abr. de 2010

Sorria!

Vi essa notícia no site do Terra e depois procurei mais a respeito em outros sites, todos diziam a mesma coisa e acabei por colocar também o vídeo, já que as palavras encontradas foram poucas. A notícia é bem interessante e a comemoração me pareceu, além de surpreendente, inovadora.


Moradores preparam o lançamento de 100 mil balões, em Istambul, para comemorar o dia 1º de abril

A famosa praça Taksim, na cidade turca de Istambul, ficou cor de rosa para marcar o dia 1º de Abril. Cem mil balões foram inflados por mais de 200 voluntários e soltos na praça.
Chamado de "Istambul está rindo", o evento foi organizado para lembrar as pessoas de sorrirem mais.
O evento fez sucesso com as crianças, que se divertiram competindo para ver quem conseguia estourar mais balões.




29 de mar. de 2010

As Brumas de Avalon

Estou lendo As Brumas de Avalon. Gente, que livro fantástico! Recomendo esta leitura a todos que gostam de ficção e de realidade, pois neste livro elas andam lado a lado. O que me deixa mais encantada nesta leitura é o evidente choque de culturas que há entre a crença na Deusa e a crença em Deus.

No livro, aqueles que acreditam na Deusa, afirmam que todos os Deuses são um só e que cada um tem direito de acreditar naquilo que quer. Porém os cristãos, afirmam que acreditar em um Deus que não seja o deles é pecado. Além disso, os cenários se contrapõem de tal forma que não há como não perceber a falta de sintonia que há entre as duas crenças. Enquanto os cristãos celebram suas comemorações com o bater dos sinos, com imagens sacras em altares reluzentes e com mulheres castas e submissas, as sacerdotisas e os crentes da antiga fé reúnem-se ao redor de fogueiras para celebrar Casamentos Sagrados, pintam seus corpos, cuidam da natureza e as mulheres possuem lugar sagrado em meio aos rituais e trabalhos diários.

Se eu tivesse que escolher um lado, obviamente estaria ao lado da Deusa. Desde criança o falatório interminável dos padres, as Igrejas tão lindas com as imagens inalcançáveis me cansavam. No entanto, nesta leitura é possível verificar extremismos de ambos os lados – não só as mulheres cristãs guardavam suas virgindades para entregá-las aos maridos escolhidos pelos pais, também as sacerdotisas só podiam entregar seus corpos aos escolhidos pela Deusa. Para mim, isto é absurdo demais – desde quando alguém que se diz o representante de Deus (seja ele qual for) deve dizer com que pessoas alguém deve ou não estar, deve ou não se casar? E desde quando Deus tem apenas um ser que fale para ele? Afinal, Deus está em tudo, está em todos.

Eu, definitivamente, me irrito quando começam longos diálogos sobre tudo ser pecado, sobre Cristo ser um Deus que castiga e sobre mulheres se mostrarem ousadas por expressarem suas opiniões uma ou duas vezes. Pois se assim ainda fosse teríamos que andar com chicotes nas mãos para nos açoitarmos a cada pensamento julgado por sei lá quem que não me conhece como corrupto (e pensar que há pessoas que fazem isso).

E, contudo todas as crenças se assemelham tanto. Há que se fazer jejuns longos e rezar muitos dias para se alcançar plenamente ao Deus. Isso me soa estranho, já que o meu Deus está ali fora nas árvores que avisto, nos pássaros que passam, na noite que chega mansinha e aqui dentro de minha casa junto dos meus familiares, nas paredes que construímos juntos – não tenho que passar por longos períodos de fome e cansaço para falar com meu Deus e qualquer um que tiver que passar por isso para estar junto do seu, me parecerá distante e desconectado de si. Aceito que existam outros Deuses e outras maneiras de se estar perto dele, entretanto, passar por provações físicas não me é aceitável, pois se assim fosse não haveria sentido em ser humano - ser humano para sentir dor física, me parece castigo e o meu Deus não castiga.

Em mim, essas questões foram as mais pulsantes até o momento. Estou na metade do livro dois e o devoro com voracidade. Algumas passagens do livro também me marcaram bastante até o momento, registrarei algumas aqui para compartilhar e atiçar a curiosidade de todos. Espero que busquem por esse livro e possamos refletir ainda mais sobre ele posteriormente.



“Consideram heresia pensar que os homens tem mais de uma vida, o que qualquer campônes sabe ser verdade (...). Mas sem acreditar em mais de uma vida, como evitar o desespero? Que Deus justo criaria homens desgraçados ao lado de outros felizes e prósperos, se todos tivessem apenas uma vida?”

“Pois vejo um destino para ele, em seu mundo – tentará fazer o bem, como a maioria do seu povo, mas só fará mal.”

“As lágrimas vertidas pelas mulheres não deixam marcas no mundo.”

“Vocês cristãos gostam muito da palavra impróprio.”

”Eles dizem: acreditem no que não viu, professe o que não sabe, há mais virtude nisso do que em acreditar no que viu.”

“É no momento da morte que o disfarce mortal de uma vida apenas desaparece.”

28 de mar. de 2010


A morte, como nós a conhecemos, não existe.

(essa imagem é de um artista cujo trabalho admiro: Jim Warren)

24 de mar. de 2010

Já pensou se Dom Pedro I tivesse que abrir uma conta?

Esta semana tive que abrir uma conta em um novo banco para receber o salário do novo estágio. Anteriormente nunca havia aberto uma conta em meu nome sozinha, então não sabia como era o processo. Fui muito bem atendida, mas para minha surpresa fiquei uma hora e trinta minutos verificando cópias, preenchendo cadastros, assinando papéis (dos quais nenhum ficou para mim para minha garantia). Assinaturas vem, assinaturas vão, lembrei da minha última aula de Direito Notarial em que o professor citou que Dom Pedro I tinha mais de dez nomes na constituição de seu nome completo e, imediatamente, pensei “imagina se Dom Pedro I tivesse que abrir uma conta aqui, ele ia ficar mais de duas horas só assinando os papéis!”

Em nível de curiosidade (tua e minha), o cara se chamava Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Precisaria do espaço de três linhas inteiras para assinar esse nome, ainda mais naquele formato de antigamente, com capitais e demais letras bem desenhadas. Ou então, abreviando quase tudo: Pedro de A. F. A. J. C. X. de P. M. R. J. J. G. P. C. S. de B. e Bourbon. PedrodeAFAJCXdePMRJJGPCSdeBeBourbon. Que bom que o Pedro não tinha que abrir conta nenhuma, né?!

Acabei pensando nisso tudo por que me deparei com uma baita burocracia em um procedimento que deveria ser medianamente simples. O banco se enche de precauções, quando na verdade são eles os terríveis. Era só fazer o cadastro, a conta e pronto .E depois de tudo isso, ainda houve o obstáculo das senhas. Imagina se Dom Pedro I ia querer guardar ou anotar num bloquinho todas as senhas de que ele precisaria: uma para o cartão, outra para o de compras, outra para poupança, além das senhas de letras, mais as senhas não bancárias – Orkut, MSN, email, login do computador, do blog, do flog, para entrar no sistema do trabalho, para procurar processo no sistema, para entrar no site da universidade, para entrar no outro email etc etc etc – muito cansaço para um imperador só, acho que por isso, essas tecnologias vieram só depois. Imagina Dom Pedro com um bando de secretários, cada um responsável por uma destas áreas e suas respectivas senhas?! Como temos que lembrar pequenas coisas tão decisórias em nossas atribuladas e desenvolvidas vidas, cada dia uma senha nova e para cada uma esquecida; uma nova barreira que se cria...

Bom mesmo era ser imperador.

20 de mar. de 2010

A bailarina


Sou uma mistura heterogênea de Laura e Ana somadas à Caroline. Minha parte Ana é aparentemente e, muitas vezes, realmente muito frágil. Ana é só, amorosa, emotiva, triste, medrosa e sorridente quando me vê. Ana só sai de casa acompanhada, depende dos outros para fazer suas coisas, acomoda-se nas limitações que se impõe, teme a tudo e a todos. Ana sentiu-se mais sozinha após a morte de um ente querido e confortou-se na sua dor, não foi e não é triste, mas também não foi e não é feliz. Laura é forte, destemida, trabalhadora, guerreira. Ao mesmo tempo em que é boa é, muitas vezes, ingênua. Laura gosta de ajudar a todos e esquece-se de ajudar a si mesma. Laura gosta de estar bonita, compra-se roupas diferentes, gosta de estar cheirosa, gosta de usar acessórios. Laura é linda, adorável e querida. Laura e Ana tem muitas características em comum e muitas características em desacordo. Ambas são mães, no mais profundo significado desta palavra – mas cada uma a sua maneira. Ambas sentem-se muito sós, incompreendidas e, às vezes, não amadas. Já Caroline é uma menina doce, muito bem criada e educada para ser aquilo que um dia foi sua mãe: uma princesa. Caroline tem lindas roupas, acessórios modernos, pode viajar pelo mundo, mas conseguiria ela sair de seu castelo?

Eu poderia me chamar Ana Laura, Laurana, Laureana, mas me quiseram Lauana. Lauana Caroline. Meus dois nomes foram escolhidos por aquele que amo, mas detesto; por quem me assemelho e antipatizo. Desde meu nascimento, minha vida é uma via de mão dupla (ou seria tripla?) – automóveis passam nos dois sentidos, há prováveis semáforos dos dois lados e faixas de pedestres, os sinais vermelho, amarelo e verde funcionam perfeitamente e cada vez melhor com o passar dos anos. Nesta via, plantei árvores dos dois lados, pintei um lindo céu azul com nuvens de chuva e um sol brilhante, construí canteiros para as flores multicoloridas e coloquei pessoas para transitarem por ali. Desde meu nascimento venho aumentando esta via, conforme afirmo minhas escolhas.

Nesta via, a Laura está andando num caminho oposto ao que caminha a Ana. Caroline está sentadinha no meio da rua, usa uma saia de bailarina cor-de-rosa e observa as outras duas que se olham, se sorriem e seguem seus caminhos uma para cada lado.

E então, ela se pergunta: quem seria a Lauana Caroline Lemos Rita?

16 de mar. de 2010

FELIZ Aniversário!

Ontem foi meu aniversário e ao contrário de uma tradição de anos, eu não estava radiante e sorridente. No sábado e no domingo, dias em que fiz as comemorações com os amigos e parte da família, eu estava bem e feliz. Cantei, dancei, bebi, comi, conversei, sorri – como sempre foi. Mas no fim da noite de domingo fiquei estranhamente triste. No dia seguinte, data real de meu aniversário acordei chateada, aconteceram alguns eventos chatos e me aborreci. Como toda minha raiva e medo eu transformo em lágrimas, chorei. Chorei pela ausência de meu avô, chorei pela distância de meu pai e pela fase problemática pela qual passa metade da minha família. Não lastimei nada material, mas tudo emocional. E então, fiquei pensando como nós sempre nos obrigamos a sermos feliz nos nossos aniversários. Quando dá algo errado, rapidamente pensamos “logo no meu aniversário”, se fosse qualquer outro dia seria aceitável, mas no dia do aniversário, não. Tudo tem que ser bom. Eu me cobrei essa obrigatória felicidade durante o dia, tentei fazer coisas que me animassem, mas não importa quantas coisas eu tentasse ou felicitações carinhosas recebesse, não me animei. Pedi para que o dia acabasse logo e ele se foi com uma terrível dor de cabeça.

Nunca entendi as pessoas que não gostam de comemorar aniversário, por que para mim, é muito importante. Nossa, celebrar o dia em que eu vim ao mundo é fundamental, já que eu não sou só mais uma, eu faço alguma diferença. Porém, neste ano, tudo está acontecendo meio junto – minhas tias resolveram ter grandes problemas, minha avó piorou na saúde, meu avô faleceu – e eu resolvi sentir profundamente tudo isso (eu não simplesmente resolvi, eu sou assim). Não houve como não sentir e resolvi curtir a fossa.

Aniversário traz certas questões a tona, já que muitas pessoas que eu conheço tem medo ou receio de comemorar aniversário, por que acham que ninguém vai aparecer ou algo vai dar errado e, eu também sou assim. Acho que tudo isso está muito ligado a infância onde acontecem, frequentemente, decepções desse tipo. Os aniversariantes de janeiro e fevereiro sofrem com as férias – todos estão na praia – os de março com o início das aulas – não conhecem ninguém – e assim por diante. Cada um tem um trauma, o meu é não me sentir querida quando se esquecem de me felicitar ou de ir à festa – ninguém é obrigada a lembrar, mas ninguém é obrigada a esquecer – racionalmente, sei que as pessoas me amam felicitando ou não, mas emocionalmente eu preciso disso.

O dia 15 acabou, que bom! Hoje já me sinto bem melhor, o dia está lindo e eu quero comemorar a vida! E já espero pela chegada do próximo ano em que certamente as cobranças individuais e sociais virão acompanhadas, eu espero, de alegria.

12 de mar. de 2010

Adooooooooro Lady Gaga


Não importa o que digam, adoooooooooooro
Lady Gaga!
Se ela é uma cópia da Madonna, se só faz isso para chamar a atenção, se canta igual as outras...nada disso importa. O que importa é que ela consegue inovar num mundo em que tudo está igual. Como diz a propaganda do Shopping Praia de Belas: a moda agora é reinventar. E reinveção, a Lady tem de sobra.

11 de mar. de 2010

Adoro o jeito como o céu fica após a chuva...


Março está sendo tipicamente um mês pisciano. Eu saio de casa com o cabelo preso e usando óculos escuros e volto com os pés molhados e usando um guarda-chuva. Este mês está, realmente, com um peixe para cada lado.

9 de mar. de 2010

Sangue de verdade ou sangue fictício?


Adoro seriados Adoro o tema vampiros. Adoro erotismo. Assim como 1 + 1 = 2, eu certamente me apaixonaria por este seriado. Assisti a primeira e a segunda temporada (cada uma com 12 episódios, cada um com 50 minutos) em quatro dias, já reassisti a primeira temporada inteira e agora estou na metade da segunda – aparentemente eu adoro me viciar em seriados televisivos. True Blood é muito bom!!!!!!

Dessa vez não vou me rasgar em elogios para este seriado (como fiz com The Tudors – ver marcador seriados), pois o foco do post é outro. Mas sim, ele é um seriado muito bacana e atualíssimo.

Vendo True Blood comecei a refletir. (sério? Eu quase nunca faço isso =P). Por exemplo, será que realmente conseguiríamos viver em um mundo habitado também por outros seres tão diferentes de nós? (quer dizer, tecnicamente isso já acontece, mas acho que só porque a maioria das pessoas não consegue ver). Quer dizer, nem sequer conseguimos aceitar os nossos “semelhantes”. E será que os nossos diferentes conseguiriam nos aceitar?

E outra, porque será que estamos sempre em busca de criar mundos super ficcionais com vampiros, lobisomens e etc, será por falta de aventura ou por vontade de correr riscos ou de viver junto com o desconhecido? Por que a ficção é tão fabulosa e atrai tantas pessoas? Mais da metade dos meus seriados são sobre ficção. Seria a realidade muito chata?

7 de mar. de 2010

O livro dos descobrimentos - S01E03

Previously on Eu só quero te dizer que:
http://eusoquerotedizerque.blogspot.com/2010/03/o-livro-do-descobrimento-parte-i.html

http://eusoquerotedizerque.blogspot.com/2010/03/o-livro-dos-descobrimentos-s01e02.html

A segunda passagem com que muito me identifiquei é a de El Morya, ele fala em nome da Grande Fraternidade Branca sobre o poder pessoal e o dinheiro. Todas essas mensagens foram canalizadas por Tânia Resende.

El Morya diz que é sabido que a nossa grande dificuldade do momento está relacionada à questão do suprimento financeiro e material e que, nós frequentemente, acreditamos que somos aquilo que possuímos em termos materiais. Por isso, ele diz que o aprendizado do momento é confiar. Devemos parar de nos focar na privação e passar por mais dificuldades por conta do medo que temos de perder tudo, “devemos compreender que tudo que vem do mundo físico está aqui para ser usado e usufruído por nós e que temos que nos enviar a mensagem: eu tenho o suficiente!” (TORRES; ZANQUIM, 2009, p.50).

*
Como estou apenas no início do livro e já me interessei tanto por ele, possivelmente virei a postar mais mensagens com que me identifique durante a leitura. Estou ansiosa por dar continuidade a ela. Se você gostou das passagens e interessou-se pelo livro, procure abaixo os dados que deixei sobre ele.


Nome da obra: 2012 – A Era de Ouro
Autores: C. Torres e S. Zanquim – com canalizações de Tânia Resende
Local, editora e data: São Paulo, Madras, 2009.

Mais comentários e links interessantes, neste site:
http://aleidaatracao.blogspot.com/2009/02/2012-era-de-ouro-o-livro.html

Duas possibilidades de aquisição do livro, nestes sites:
http://www.leidaatracao.com.br/commerce/?idCat=25&idProd=115
http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/2693519


Boa leitura!!!

5 de mar. de 2010

O livro dos descobrimentos - S01E02

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Ficar minimamente curiosa acerca de algum assunto já é o suficiente para que eu vá pesquisá-lo mais a fundo mesmo que anos depois, afinal a chama fica acesa. Para que eu começasse a ler o livro não tardou já que a mãe já o estava terminando.

Quando pego um livro que me interesso eu o devoro em poucos dias. Porém, este livro não é do tipo que se devora rápida e facilmente. Este é um livro cuja principal característica, no meu ponto de vista, é ser reflexivo. Temos que ler, parar, pensar, agir e recomeçar a leitura. Algumas mensagens de seres astrais vão nos guiando durante a leitura, essas mensagens falam sobre amor, dinheiro, medo, generosidade, futuro e outros. Já li algumas passagens, mas ainda não consegui me aprofundar em nada, mesmo naquilo sobre o que estou refletindo. (Quem já leu o livro, sinta-se a vontade para dar suas opiniões ali na parte de comentários).

Identifiquei-me muito com duas passagens até agora, uma em que os autores comentam uma mensagem de Joahdi que fala sobre o poder pessoal e a outra em que El Morya fala sobre o poder pessoal e o dinheiro. Neste post vou colocar as primeiras passagens e no próximo as outras - para não ficar muito extenso e cansativo.

Os autores dizem que o dinheiro exercerá um papel essencial para o ser humano, só que nossa relação com ele mudará, pois não passaremos os dias, contando, negando, escondendo, perseguindo e manipulando o dinheiro de que necessitamos. O dinheiro não poderá mais trazer o desconforto, a violência e o desespero que ele traz. Ele deve trazer a liberdade e a paz e não o aprisionamento. Ele deve trabalhar para nós e não nós para ele. (TORRES; ZANQUIM, 2009, p.46).

Além disso, eles dizem que quando pronunciamos ou ouvimos a palavra dinheiro, imediatamente nossa mente o relaciona ao medo. E citam um exemplo bem cotidiano de todos nós:

Se perguntar às pessoas o que fariam se ganhassem na loteria, por exemplo, cem milhões de reais, muitas delas certamente terão respostas voltadas ao medo. Já ouvimos respostas do gênero:
A primeira coisa que eu faria seria não falar a ninguém, para evitar que viessem me pedir emprestado. – Medo das pessoas.
Eu ficaria bem quieto porque poderia ser sequestrado. – Medo da violência.
Eu guardaria tudo ou investiria para não ficar sem dinheiro no futuro. – Medo do futuro e Foco restrito na falta.Não consigo nem imaginar uma situação dessas. – Medo do desconhecido. (TORRES; ZANQUIM, 2009, p.47).


E, por fim, eles dizem que temos que reaprender nossa relação com o dinheiro, pois ele é a energia mais atuante e vibrante atualmente no mundo. Ele é energia e deve ser movimentado, distribuído, repassado e multiplicado por sentimentos de gratidão, felicidade, alegria e bem-estar. (TORRES; ZANQUIM, 2009, p.47).


(To be continues...)

2 de mar. de 2010

O livro dos descobrimentos - S01E01


Comecei a ler este livro há algumas semanas, recomendado por minha mãe e ele é incrível. Antes de falar propriamente sobre ele, faço algumas considerações mais gerais:

Primeiro e de total importância para mim, este livro tem uma capa que não faz jus ao seu conteúdo. Se eu o visse em qualquer prateleira de qualquer lugar jamais o pegaria para dar uma olhada, pois ele parece um daqueles pavorosos livros de religiões extremistas que procuram catequizar seus membros através da lavagem cerebral. Logo, sim, o visual é importante e, às vezes, decisório.

Segundo, o título “2012” que, atualmente, remete a catástrofes e tragédias de todo tipo. Eu não consigo entender como as pessoas conseguem ser tão frágeis ao ponto de desesperar-se com um fim do mundo totalmente hipotético. Parece que todos tem prazer em sentir medo. Já vivemos aprisionados por causa de nossas tragédias pessoais e da violência do mundo, para que temer mais um momento que não é certo? Impressionante que os mais temerosos ainda gastem dinheiro para ver essas bobagens na TV e no cinema. Estão com medo do fim do mundo, então o que vão fazer para melhorar-se e melhorá-lo nestes últimos momentos? Por causa da ligação deste título a um assunto muito comentado na atual conjuntura global, eu não poderia deixar de ligá-lo a tudo isso e, consequentemente, não me interessaria por ele. Fim do mundo, ano de 2012 catastrófico, Nostradamus, francamente, eu tenho coisas muito mais úteis com que me preocupar e no mais, se o mundo acabar mesmo, vamos acabar juntos.

Terceiro, minha mãe adora esse tipo de livro (não os sobre fim do mundo, mas sobre a melhora dele e de todos nós como veremos adiante). Ela tem prateleiras cheias de livros sobre amor, história da humanidade verdadeiras e falsas, astrologia, espiritualismo, expansão da consciência, níveis de matrizes, etc etc etc. Sempre a deixei de lado com seus livrinhos, lendo pela metade um ou outro até que ela não parou de falar das incríveis passagens de “2012 – A Era de Ouro” até toda família se interessar por ele.

Quarto, combinando uma capa feia e um assunto aparentemente desprezível com uma pequena curiosidade, para mim, já está feito o estrago. E foi ai que o início das novas grandes descobertas começou – numa curiosidadesinha.


(Continua...)

28 de fev. de 2010

Mandalas

Essa é uma mandala Apache pintada por mim e que me remete a Florianópolis. Em baixo dela, escrevi uma linda canção dos índios Sioux.




"Os pássaros deixam a terra
com a ajuda de suas asas.
Humanos também podem
deixar a terra
não com suas asas
mas com seus espíritos."

Hehaka Sapa, Sioux

21 de fev. de 2010

Reconectando



Acredito que as coisas só acontecem na nossa vida quando tem que acontecer. Há uns três anos atrás eu estava na casa de um antigo namorado e encontrei um livro ao qual não dei a mínima atenção, até porque a família dele guardava aquele livro no banheiro junto à privada (preconceito meu, é claro, supor que era um livro ruim por causa disso), porém, o título ficou na minha cabeça e a capa também era bastante chamativa. Tempos mais tarde o meu atual namorado me mostrou umas músicas da banda NaurÊa as quais não dei bola pois não me interessavam.


Sempre gostei de assistir ao filme “O Último dos Moicanos” – cuja história mostra a dizimação de povos indígenas em prol dos interesses dos colonizadores através do envolvimento de uma moça americana com um rapaz adotado pelos moicanos – o filme sempre me deu vontade de estudar sobre este assunto e, no entanto, nunca busquei nada sobre o tema. Um dia acordei pensando naquele livro de anos atrás. Eu tinha que comprar “Enterrem meu coração na curva do rio”. Acabei o ganhando e comecei a lê-lo imediatamente. Quando já estava lá pela metade do livro, minha mãe apareceu com uma surpresa: havia conseguido comprar para mim, por um ótimo preço, um livro importado de mandalas feitas originalmente pelos mesmos índios que apareciam no meu livro. Neste livro de mandalas , além dessas figuras que eu gosto tanto, havia uma série de canções e versos dos mesmo índios – sioux, cheyennes,navajos,etc.

Ao mesmo tempo em que comecei a me aprofundar mais na história dos índios norte-americanos – que já foi minha história em outra vida e continua sendo, de forma diferente, nesta – também me aproximei mais da cultura afro-americana e nordestina.
Como aconteceu com o tema dos indígenas, sempre tive uma conexão com os outros dois, mas nunca procurei nada sobre. Filmes sobre o nordeste eu sempre assisti, pois tenho admiração especial pelas pessoas que vivem lá – acredito que eles têm algo que nós não temos, pois com todas essas parafernálias de computadores, máquinas fotográficas, roupas e mais roupas e tudo mais, nós sempre queremos mais e eles, mesmo sem tudo isso, sorriem, são felizes.

Mais recentemente, fui à melhor festa da minha vida em que tocaram ritmos como Maracatu, Baião, Samba de Raiz e outros, eu não sabia o que esperar dessa festa e me senti especialmente livre enquanto estava lá.

A minha conexão com o povo negro, começou diferente. Minha mãe sempre esteve muito ligada e informada sobre os orixás, a umbanda, o candomblé e, por tabela, ia me informando. É claro, que ela sabe sobre esse tema e eu ainda sei muito pouco. Porém, a minha curiosidade e busca pessoal me fazem ir atrás cada vez mais disso tudo.


Outras duas coisas aconteceram no mesmo tempo de tudo isso, da mesma forma como antes, eu sempre fui espírita e nunca li nada a respeito. Na mesma época em que comecei a ler o livro dos índios, li também “Amor além da vida” – o filme é muito bonito, mas o livro é maravilhoso – e ele “abriu a minha cabeça”, senti uma forte necessidade de saber mais sobre a minha religião e comecei com outro livro teórico muito bom: “Espíritos entre nós”.

Acredito que tudo está interligado. O fato de eu ter começado a me aprofundar em todos esses temas ao mesmo tempo significam algo, só que ainda está tudo embaralhado na minha cabeça – falta que eu entenda uma parte importante: a conexão. Pois eu sei que tudo faz parte de mim, mas a que tudo isso leva, eu ainda não sei.


*A cena postada lá em cima faz parte do filme “Ó, Paí,ó” o qual assisti semana passada e acredito que faça parte de tudo que estou vivendo no momento. O diálogo entre o personagem do Lázaro Ramos e o do Wagner Moura é muito bacana e atual.

17 de fev. de 2010

Para uma avenca partindo


Minha experiência com os contos do Caio Fernando Abreu começou de forma estranha. Enquanto a maioria das minhas amigas da época o adoravam, o liam e o recomendavam, eu só havia tido experiências ruins com o Caio. Li alguns de seus contos e não gostei de nenhum por causa de seu realismo e de sua melancolia.

Em certa Feira do Livro, resolvi dar um passo maior, pois eu sempre gostei de dar uma segunda chance para tudo e para todos, então me arrisquei comprando um de seus livros: “O Ovo Apunhalado”. Continuei não gostando de muitos de seus contos e, no entanto, acabei me apaixonando por todos os outros.

Um conto que leio e releio deste livro é aquele que intitula a postagem e, inclusive, o nome deste blog provém do desfecho do referido conto. “Para uma avenca partindo”, no meu ponto de vista, é um conto sobre o essencial que não é dito e o que o rodeia e esconde: o desnecessário.

Aqui, deixo uma palhinha:

“(...)acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ……… ………… …………. ………… ………. ……….. …………. ………… ………… ………… ……… ……….. ………… ………… sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.”