12 de jul. de 2010

Um dia de chuva

Nos dias de chuva a cidade transparece sujeira, caos, podridão, desespero.
Esse é um ponto de vista.

Eu acho que a cidade fica bonita. A chuva destrói a nossa aparente organização, a nossa aparente velocidade funcional e a nossa aparente normalidade. As cores se misturam, o azul do céu vira o azul do chão, os faróis dos carros batem nos vidros dos ônibus como sirenes vermelhas em constante agitação. Roxo, laranja, vermelho, lilás e azul se esbarram, saem de seus espaços delimitados. É como se sobre uma tela recém pintada e aparentemente perfeita se jogasse uma nova cor de tinta ou um jarro de água, desconstruindo o que está pronto, reconstruindo o que faltou.
Hoje, voltando para casa de ônibus, sem enxergar o caminho de todos os dias, me senti dentro de uma pintura fauvista. E gostei.

2 comentários:

  1. Tive que pesquisar o que é uma pintura fauvista!!! hahahha

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  2. bah em bairros como o meu, a poética não se mantêm. Mas eu também gosto dos dias de chuvas!

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