19 de jun. de 2010

Sobre príncipes e princesas

A fantasia não é assim tão diferente da realidade...

A princesa, uma doce ilusão, e o príncipe, o corajoso apaixonado. A princesa se manteve virgem e dedicada aos aprendizados do lar enquanto o príncipe conquistava cidades e montanhas para se mostrar forte e destemido aos seus pais. A princesa aprendeu a cuidar dos cabelos, a usar complicados vestidos, a combinar joias e sapatos. A princesa aprendeu a portar-se diante da sociedade, a ser formal e polida, aprendeu a ser paciente e devota. O príncipe aprendeu a ser vestido, aprendeu a cavalgar, a ser furioso e gentil. O príncipe aprendeu que se deve manter a cabeça levantada e demonstrar amor através de presentes. Os dois mantiveram-se recolhidos nos seus universos até serem formalmente apresentados.

A princesa quando viu o príncipe, sentiu-se insegura, incapaz, deslumbrada. O príncipe quando a viu tomou-a como um desafio, uma novidade, uma emoção. O príncipe reparou nos seus olhos que eram diferentes dos olhos de todas as outras mulheres, percebeu que ela vestia-se, movia-se e até falava de um modo diferente, interessante. O príncipe buscou os olhos dela e deparou-se com indecisão, timidez e um forte desejo. A princesa enquanto observava as belas cortinas do castelo, reparou que o príncipe carregava dentro dos olhos dele uma chama e que ele tinha braços fortes e protetores.

Ela reparou que junto de si ele trazia um grande escudo e uma espada.
Ele reparou que ela trazia dentro de si um delicado coração.

As mulheres já tem o coração que os homens procuram.
Os homens já tem a proteção que as mulheres procuram.
Pelo menos neste conto.

As damas da princesa lhe diziam que ela deveria ser uma boa esposa, deveria amar e ser leal ao seu marido acima de tudo. Os conselheiros do príncipe diziam-lhe que talvez ele não conseguisse ter a princesa como sua única mulher e que seria melhor não demonstrar seus sentimentos sempre.

Nem o príncipe nem a princesa concordavam completamente com isso. Então quando o príncipe colocou-se a dançar, timidamente, empurrado pelos amigos, a princesa postou-se ao seu lado e olhou firmemente para ele. Ele, confuso, baixou os olhos e viu o chão ao que ela tocou-lhe o rosto.

O príncipe, certamente, teria que enfrentar labirintos de espinhos, outras mulheres interesseiras e malévolas, torres altíssimas, pontes levadiças, lagos cheios de crocodilos, algum feiticeiro maligno e outras tantas guerras para conseguir alcançar a princesa lá em cima onde ela estava adormecida esperando pelo seu amor. E a princesa, com certeza, teria que resistir a muitas tentações para preservar a sua honra, teria que abdicar de uma série de confortos que a vida até então lhe oferecia, teria que cuidar daquele homem para quem fora prometida, teria que continuar bela e quase sempre a espera dele para ter o seu amor.

Quando o príncipe colou o anel dourado e brilhante no dedo da princesa, esta se sentiu demasiadamente feliz e insegura – com os dois sentimentos explodindo dentro do peito. Quando a princesa disse “sim” e colocou a aliança no dedo do príncipe,este estufou o peito orgulhoso e emocionado.

O príncipe e a princesa se olharam e um viu refletido no outro o seu medo, a sua importância e a sua individualidade. E quando se olharam novamente, um deixava as lágrimas do outro escorrer por sua face e, assim o sonho virou realidade.

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