24 de abr. de 2010

As mulheres de Avalon

Terminei a leitura do livro “As Brumas de Avalon”. É sempre bacana e triste terminar um livro, ainda mais como estes que abordam quase que a vida inteira dos personagens. Sempre que a história termina, parece que um ente querido se distanciou para viver a própria vida longe do outro. Não é como se ele estivesse morto, apenas distante e sua história ou momentos dela são sempre relembrados pelos espectadores que as acompanharam. Nesta obra, por duas mulheres nutri admiração e curiosidade e a uma detestei ao mesmo tempo em que a compreendi. Por várias razões, provavelmente, me assemelhe às três.

A senhora do destino

Igraine foi sacerdotisa de Avalon antes de ser entregue a um homem a quem não amava para que o destino de uma Corte que ainda nem existia se cumprisse. Casou-se com o Rei Gorlois muito nova e com ele teve uma filha: Morgana. Enquanto esteve ao lado deste homem, foi uma mulher forte que não se dobrava às falácias dos padres e nem mesmo a vontade do marido de transformá-la numa mulher que não era. Esta foi uma mulher que nasceu para que a partir dela se concretizasse um destino previsto por outros. Como devia ser, apaixonou-se por outro homem – Uther Pendragon - com ele se casou e teve o futuro rei: Arthur. Porém ao casar-se com o homem que tanto adorava abdicou de tudo mais ao seu redor, deixou Arthur aos cuidados da irmã mais velha, abandonou suas crenças e procurou seguir a fé que o mundo achava que seria melhor para ela. Igraine amou Uther até o fim de seus dias, como o marido também o fez por ela, e, no entanto, ficou em dívida com seus filhos e consigo no momento em que desamparou todos os amores para viver apenas um – aquele que mais lhe satisfazia.

A corajosa amante



Nimue – filha do grande guerreiro Lancelote com a jovem Elaine – antes de nascer já havia sido escolhida para ocupar um lugar em Avalon. Sempre fora uma menina diferente das outras, contrariando os padres e questionando tudo a sua volta. Ao chegar a Avalon foi treinada para ser sacerdotisa e mantida reclusa durante muitos anos para que ninguém, além das outras sacerdotisas, pudesse ver seu rosto. Ao crescer, já tinha uma missão que fora reservada a ela ainda quando criança: devia trazer de volta ao País das Fadas aquele que o havia traído – Kevin, o Bardo. Kevin era um majestoso harpista, além de Merlim da Bretanha. Era um homem muito inteligente que ao lado do Bispo Patrício tronou-se conselheiro do Rei Arthur, sua grande fragilidade estava na aparência física que possuía – um corpo deformado e rejeitado embaixo das lindas vestes. Nimue fora instruída quanto à maneira de atrair Kevin para perto de si, então foi a Corte e dia após dia lançou-lhe um encantamento com olhares, gestos e palavras. Contudo, este encantamento era perigoso, pois somente ocorreria se os dois estivessem conectados da mesma forma, se entre os dois houvesse paixão e desejo. Nimue cumpriu sua promessa a Terra das Fadas, levando o traidor para a morte e, no entanto, levando a si mesma para o mesmo caminho, pois não poderia desfazer nem a aliança com Avalon nem a aliança com seu amor. Nimue, também nascera para cumprir um destino e da mesma forma como Igraine, poderia tê-lo mudado e não o fez.


A frágil rainha

A linda esposa do Rei Arthur fora dada a ele como parte de um dote. A Rainha Gwenhwyfar sempre foi uma mulher medrosa e covarde, sempre permitiu que as palavras dos padres fizessem sua cabeça e lhe influenciassem as decisões. Sua fraqueza e sua beleza aproximaram dois destemidos cavaleiros, o Rei, seu esposo, e Lancelote, seu amante e melhor amigo do rei. Gwenhwyfar manteve-se durante toda vida em dúvida sobre o que era certo e errado, sobre o que era pecado ou não, sobre o que era amor e sobre quem a amava. Temia a magia de Morgana e, todavia, procurava-a em desespero quando precisava ter um filho, temia a própria Morgana e, contudo, sempre quis ser igual a ela. Como Rainha, apesar das perturbações que a fé lhe causava, sentia-se feliz por encontrar-se segura dentro das fortes paredes do castelo, por ter uma guarda armada para defender-lhe do mundo lá fora e por ter somente que preocupar-se com as futilidades femininas. Gwenhwyfar teve uma atitude corajosa na vida, a qual lhe foi decisória – podendo ficar ao lado de seu amor para sempre e ser afinal completamente feliz optou por colocar em primeiro lugar o que era importante para ele e não para ela. Preferiu que ele fosse metade feliz a que ela o fosse inteiramente.


Para mim, estas são as mulheres mais inspiradoras do livro. Um livro que é recheado de personagens complexos e interessantes, humanos... Simbolizei o meu modo de imaginá-las com as figuras ali em cima, não seria possível que elas fossem representadas tal como as imagino nem mesmo se eu as desenhasse de próprio punho, pois o registro nunca é igual ao pensamento.


Esta história tem muito de nós todas, de nós todos.
Descubram-na!

(Site de onde tirei as figurinhas: http://www.fainelloth.de/Fantasy.htm)

2 comentários:

  1. Somos um pouco de cada uma destas mulheres....depende da época da vida em que se está vivendo

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  2. Bah, os personagens são humanos mesmo. Baita post amor!!!

    Gostei!

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