Terminei a leitura do livro “As Brumas de Avalon”. É sempre bacana e triste terminar um livro, ainda mais como estes que abordam quase que a vida inteira dos personagens. Sempre que a história termina, parece que um ente querido se distanciou para viver a própria vida longe do outro. Não é como se ele estivesse morto, apenas distante e sua história ou momentos dela são sempre relembrados pelos espectadores que as acompanharam. Nesta obra, por duas mulheres nutri admiração e curiosidade e a uma detestei ao mesmo tempo em que a compreendi. Por várias razões, provavelmente, me assemelhe às três.
A senhora do destino
Igraine foi sacerdotisa de Avalon antes de ser entregue a um homem a quem não amava para que o destino de uma Corte que ainda nem existia se cumprisse. Casou-se com o Rei Gorlois muito nova e com ele teve uma filha: Morgana. Enquanto esteve ao lado deste homem, foi uma mulher forte que não se dobrava às falácias dos padres e nem mesmo a vontade do marido de transformá-la numa mulher que não era. Esta foi uma mulher que nasceu para que a partir dela se concretizasse um destino previsto por outros. Como devia ser, apaixonou-se por outro homem – Uther Pendragon - com ele se casou e teve o futuro rei: Arthur. Porém ao casar-se com o homem que tanto adorava abdicou de tudo mais ao seu redor, deixou Arthur aos cuidados da irmã mais velha, abandonou suas crenças e procurou seguir a fé que o mundo achava que seria melhor para ela. Igraine amou Uther até o fim de seus dias, como o marido também o fez por ela, e, no entanto, ficou em dívida com seus filhos e consigo no momento em que desamparou todos os amores para viver apenas um – aquele que mais lhe satisfazia.
A corajosa amante
Nimue – filha do grande guerreiro Lancelote com a jovem Elaine – antes de nascer já havia sido escolhida para ocupar um lugar em Avalon. Sempre fora uma menina diferente das outras, contrariando os padres e questionando tudo a sua volta. Ao chegar a Avalon foi treinada para ser sacerdotisa e mantida reclusa durante muitos anos para que ninguém, além das outras sacerdotisas, pudesse ver seu rosto. Ao crescer, já tinha uma missão que fora reservada a ela ainda quando criança: devia trazer de volta ao País das Fadas aquele que o havia traído – Kevin, o Bardo. Kevin era um majestoso harpista, além de Merlim da Bretanha. Era um homem muito inteligente que ao lado do Bispo Patrício tronou-se conselheiro do Rei Arthur, sua grande fragilidade estava na aparência física que possuía – um corpo deformado e rejeitado embaixo das lindas vestes. Nimue fora instruída quanto à maneira de atrair Kevin para perto de si, então foi a Corte e dia após dia lançou-lhe um encantamento com olhares, gestos e palavras. Contudo, este encantamento era perigoso, pois somente ocorreria se os dois estivessem conectados da mesma forma, se entre os dois houvesse paixão e desejo. Nimue cumpriu sua promessa a Terra das Fadas, levando o traidor para a morte e, no entanto, levando a si mesma para o mesmo caminho, pois não poderia desfazer nem a aliança com Avalon nem a aliança com seu amor. Nimue, também nascera para cumprir um destino e da mesma forma como Igraine, poderia tê-lo mudado e não o fez.
A frágil rainha
A linda esposa do Rei Arthur fora dada a ele como parte de um dote. A Rainha Gwenhwyfar sempre foi uma mulher medrosa e covarde, sempre permitiu que as palavras dos padres fizessem sua cabeça e lhe influenciassem as decisões. Sua fraqueza e sua beleza aproximaram dois destemidos cavaleiros, o Rei, seu esposo, e Lancelote, seu amante e melhor amigo do rei. Gwenhwyfar manteve-se durante toda vida em dúvida sobre o que era certo e errado, sobre o que era pecado ou não, sobre o que era amor e sobre quem a amava. Temia a magia de Morgana e, todavia, procurava-a em desespero quando precisava ter um filho, temia a própria Morgana e, contudo, sempre quis ser igual a ela. Como Rainha, apesar das perturbações que a fé lhe causava, sentia-se feliz por encontrar-se segura dentro das fortes paredes do castelo, por ter uma guarda armada para defender-lhe do mundo lá fora e por ter somente que preocupar-se com as futilidades femininas. Gwenhwyfar teve uma atitude corajosa na vida, a qual lhe foi decisória – podendo ficar ao lado de seu amor para sempre e ser afinal completamente feliz optou por colocar em primeiro lugar o que era importante para ele e não para ela. Preferiu que ele fosse metade feliz a que ela o fosse inteiramente.
Para mim, estas são as mulheres mais inspiradoras do livro. Um livro que é recheado de personagens complexos e interessantes, humanos... Simbolizei o meu modo de imaginá-las com as figuras ali em cima, não seria possível que elas fossem representadas tal como as imagino nem mesmo se eu as desenhasse de próprio punho, pois o registro nunca é igual ao pensamento.
Esta história tem muito de nós todas, de nós todos.
Descubram-na!
(Site de onde tirei as figurinhas: http://www.fainelloth.de/Fantasy.htm)
Mais uma etapa cumprida!
Há 13 anos
Somos um pouco de cada uma destas mulheres....depende da época da vida em que se está vivendo
ResponderExcluirBah, os personagens são humanos mesmo. Baita post amor!!!
ResponderExcluirGostei!