18 de jan. de 2010

Mistura de tempos




Fazia um lindo dia de sol quando meu avô faleceu. Naquela manhã eu acordei bem, não tive sonhos durante a noite e o que me incomodava era acordar tão cedo. Tomei banho, me arrumei e saí. Enquanto caminhava pela Rua dos Andradas, observei o céu, as árvores, passei numa padaria, pensei sobre a bolsa que eu queria comprar, planejei um acampamento de férias, observei as pessoas e fui trabalhar. No trabalho cheguei com disposição e quando minha mãe me ligou não fiquei assustada – como vinha ocorrendo nos últimos dias. Da ligação ao ônibus foram dez passos, do ônibus a minha casa mais dez. Chegando a casa aceitar a perda foi inevitável.

Eu sempre fui uma menina perto do meu avô, sempre olhei para ele como quem olha para um grande sábio e nos últimos dias vim admirando-o ainda mais. Ele era tão forte e tão bom. Um homem que nunca pedia nada para si, mas fazia tudo pelos outros.

Agora, eu sinto uma dor branda, finita.

O dia lá fora corre como mais um dia qualquer: o sol brilha, os pássaros cantam. Aqui dentro, a música toca, meu irmão sente-se só, meu namorado tenta me ajudar de qualquer jeito, minha mãe telefona e eu escrevo. Poderia ser mais um dia qualquer.

Fazia um lindo dia de sol e nós todos chovíamos, quando meu avô faleceu.

2 comentários:

  1. Pois hoje ao ler o Blog de minha filha Lauana..pensei em escrever algo.
    Escrever algo para o querido segundo pai que nunca deixou de ser sogro mesmo após a ruptura do contrato. E desde quando coração precisa assinar contrato?
    Falar de Ziver Rita é falar da dignidade em ser um chefe de família.
    É falar de um avô doce e meigo com seus netos..É falar de alguém que até o último dia de sua vida perguntava:
    Estão todos bem?
    Então posso seguir nesta viagem!.Que assim seja. Amém!
    Querido amigo sogro e segundo pai segue teu caminho que certamente é na Luz, Por Luz e Para Luz
    Saudades
    Laura

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