28 de jan. de 2010

Submissão à ignorância

Fui almoçar numa banca de lanches aqui do Centro e deste almoço tirei uma série de conclusões. Nota: ali ao lado, nos blogs que andei olhando já existe um criado exatamente com o mesmo intuito deste post – perguntar, sugerir e criticar estabelecimentos comerciais – porém, não posso deixar de dar minhas contribuições.

Visualmente, já é possível perceber a realidade: uma banquinha do lado da outra, todas vendendo as mesmas coisas, todas com três ou mais vendedores socados dentro delas, todos vendedores chamando seus clientes no “pssssiiiiuuu” e muitos pequenos cartazes indicando os preços dos produtos de cada banca. Ali é barato e é bom e, por isso, sempre tem gente.

Cheguei, pedi um xis com refrigerante = R$ 4,50 (na minha lancheria preferida não como um bom xis por menos de R$ 7,00 – só o xis!!!!), o que me fez tirar a primeira conclusão: essas pessoas precisam tirar lucros, se por R$ 4,50 eles tiram algum lucro, quanto não tira a minha lancheria preferida? E pior, o quanto essa banca tem que trabalhar para ter lucro e ainda superar a concorrência que mora logo ao lado?

Estava bem sentada numa mesa da banca ao lado comendo meu xis que veio muito mais rápido do que em qualquer outra lancheria que já fui e um rapaz pediu para que eu me retirasse, pois aquela mesa era do seu bar, lugar onde eu não havia comprado o xis. Eu já sabia que era assim – uma banca querendo comer a outra viva – então disse que isso era ridículo e me acomodei em outra mesa. Eu não fiquei braba, não pensei em nunca mais voltar lá e muito menos condenei a moça do bar em que eu comprei o xis, mas sim, marquei o nome da banca desse rapaz para não vir a contribuir financeiramente com a sua mesquinhez. Todas as mesas desse cara estavam vazias e, no entanto, ele não pode ceder por 15 minutos uma para um cliente da banca ao lado cujas mesas estavam ocupadas. Essa questão das pessoas não serem solidárias umas com as outras por causa de seus interesses econômicos me preocupa muitíssimo, pois isso não permanece numa disputa de bar, isso é pessoal, anda junto com a pessoa para onde ela vai. Fico pasma com essas disputas inúteis, pois só há o que perder. Acredito que vagarosamente o mundo está se abrindo para uma nova consciência da qual pessoas mesquinhas e individualistas estarão de fora.

Daí vieram as demais conclusões: em uma cidade como Porto Alegre que agora está recebendo o Fórum Social Mundial e recebe anualmente grandes eventos culturais e sociais esse tipo de coisa já não poderia ocorrer. Como uma cidade que possui um povo com mentalidade tão fechada e pequena pode se considerar sede ou centro de algo? Eu não estou dizendo que por causa da baixa mentalidade da maioria não possa mais ocorrer eventos nessa cidade, porém de que forma esses eventos estão atingindo essas pessoas? Eles estão atingindo ou são fechados e envolvem grupos seletos de pessoas? Para essas perguntas, minha resposta é óbvia: não estão atingindo a todos e talvez, nem procurem atingir. Acredito que, não só a Porto Alegre, o crescimento deva vir como um todo – a economia tem que crescer, a cultura tem que crescer e a consciência e mentalidade dos indivíduos tem que crescer. É a ignorância que submete um povo.

Um comentário:

  1. Que loucura.

    Mas é isso aí, enquanto houver BBB as pessoas continuarão mesquinhas.

    Acredito que o FSM deveria ter objetivos mais concretos, para as pessoas. Sinto que o Fórum é muito seleto, teórico e pouco prático.

    Não podemos esquecer também que há cursos gratuitos para as pessoas aprenderem e se aperfeiçoarem. Neste caso, há pessoas que estão felizes com a sua situação.

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